quinta-feira, junho 25, 2015

Teatro

Cheiro de madeira
Da poeira de minha arte
Cortinas vermelhas
Plateia vazia como pilastre

Pé no palco
Coração na garganta
Sorrisos sem fim
Paqueras sempre existiram
Os famosos "amorzins "

Antes de começar
Vicio em me olhar, o espelho
Vigia se sou eu mesma, ou uma outra
Ora sou eu, ora não sou

As vezes soluço antes de entrar
As vezes não respiro
As vezes quero espiar
As vezes só espero
As vezes entro na personagem primeiro
As vezes penso em alguém
As vezes não dá tempo
As vezes só lá estou eu

Entro, e começa o show
O tempo voa e me sinto a flutuar
Intocável

Acaba e eu fico
Aos poucos vou saindo da outra
E volto a ser eu mesma
Lá aplausos me aguardam
Mas elogios eu nem fixo

Luxuria parece um risco
Para quê complicar o que é simples
E belo por ser apenas isto?

quarta-feira, junho 24, 2015

Você me mudou

Vou me calar
Silenciar diante de quem sou
Talvez assim seja confortável para você
Me ver como algo que estimou

Satisfeito? Guardo mágoa no coração
Não penso em mais nada
Além da culpa, que plantou

Será que tenho culpa de ser assim ?
Penso: porque estou com você ?
No começo achei que te amava
Tudo mudou ao amanhecer

Me sentia feliz
Ou pelo menos me achava ser
Hoje vejo que foi uma ficção
Algo que prefiro esquecer

Poeta

Pode ser estranho, Caro Leitor
Mas senti falta desse peso no coração 
Talvez poeta deva sofrer
Se não poeta, e sem afeição 

Sorri para a desgraca 
Corrói alma, que transição 
Antes flores habitavam meu jardim
Hoje só a seca de um sertão 

Fiquei muito tempo sem pensar em nada
Feita a desgraca sem hesitação 
Não sonho com anjos, contos de fadas
Só sinto cheiro da calcinha 
Sinal de excitação 



domingo, junho 21, 2015

Fuga

Te amar me dói a alma 
Por falar em alma a sua é muito bela
Mais bela que a sua alma só ela colada na minha 
Esse amor me consome
Solta o verbo, donzela! 

Vamos mudar de assunto?
Não quero pensar mais nisso 
Falando assim, me assusta 
Do quanto amor eu vejo e me permito

Droga! Não posso evitar 
Caso você leia vai notar a dedicatória 
Não, obrigada 
Já brigamos muito nesses últimos tempos 

Não estou cansada de você 
Muito pelo contrário, quero você a todo instante 
( será que consegui mudar de assunto? ) 
Estou tentando a todo instante 

Sabe o que acontece?
Falar de sentimento é muito difícil 
Acredito que amor verdadeiro é para se sentir 
Por isso palavras não conseguem expressar, meu amigo. 

Toximaniaca

Seu sexo libidinoso 
Atinente cúmulo carnal 
Acende chamas infindáveis 
Me jogo na cipoada de um oral.

Ouvido frouxo! Desejo a eles,
Pois em orgasmos me sinto a gritar 
A arte do prazer, mexer, clamar por ele 
O gozo, 
Suspiro de um toxicomano a se descontrolar.

Cabelo passado a dedo 
O mesmo posto na boca 
Imaginei uma besteira 
Devagar tirando sua roupa. 

Os olhos virados em uma noite guinada,
O quente profundo de uma flor molhada 
A rua agitada seguindo os mesmos eixos
O amor nascente da dama açorada.